1993: Ano Internacional dos Povos Indígenas do Mundo

1995 / 2004: Primeira Década Internacional dos Povos Indígenas

2005 / 2014: Segunda Década Internacional dos Povos Indígenas

2019: Ano Internacional das Línguas Indígenas

2020: Ano Internacional da Saúde Vegetal


quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Pedro Casaldáliga descansa onde sonhou...

Pedro descansa onde ele sonhou, na beira do Araguaia, entre um peão e uma prostituta

Foto: Raul Vico


13 Agosto 2020


Fonte: www.ihu.unisinos.br


Descansar eternamente em meio àqueles que marcaram sua vida, os que não contam, os que o mundo colocou do lado de fora da história. O desejo de Pedro foi cumprido, ele descansa no cemitério dos Karajás, na beira do Araguaia, que regou sua vida por mais de 50 anos, lá onde eram sepultados os sem nome, lá onde ele sempre sonhou em ficar para sempre, no meio de um peão e uma prostituta.

 

A reportagem é de Luis Miguel Modino.

 

Pedro sempre foi um homem cheio de sonhos, “o sonho de Deus, foi o sonho de Pedro também, o sonho do Reino”, como afirmava Dom Adriano Ciocca, bispo de São Félix do Araguaia, na missa exequial celebrada neste 12 de agosto no Centro de Pastoral Tia IrenePedro vai ficar no meio daqueles que foram parte fundamental da sua vida, pois “ele queria justiça, queria fartura, queria alegria, vida plena para todos e para todas. Não importa a raça, não importa o sexo, não importa a cultura, não importa nem a religião”, insistia o bispo.

Ao falar desses sonhos de PedroDom Adriano, afirmava que “ele sonhou, e sonhou com os pés no chão, porque não só ficou no sonho, mas ele procurou viver e lutar para que esse sonho se realizasse. O banquete do Reino tem que começar aqui na terra e nós somos responsáveis para que a alegria da partilha, a plenitude da fraternidade tenha pelos menos alguns sinais entre nós”. Esse sonho, presente na vida de Pedro, o tornou realidade. Para que acontecesse esse sonho, “Pedro decidiu seguir Jesus, seu Mestre, na radicalidade, na fidelidade que todos nós conhecemos”, segundo o atual bispo de São Félix, que destacava em Casaldáliga sua disposição para se colocar no no último lugar, Pedro “se fez peão com os peões, se fez índio com os índios, se fez solidário com quem Deus se solidarizou, os abandonados, os excluídos, os escravos”.

Uma postura de vida radical, assim é como Dom Adriano Ciocca definia Dom Pedro, como aquele “que serviu de exemplo e continua servindo de exemplo para nós”. Ele é visto pelo bispo como “uma semente plantada na beira do Rio Araguaia, uma semente que deve crescer, e deve produzir muitos frutos”. Seguindo seu exemplo, Dom Adriano lançava o desafio de “que cabe a nós fazer que aquilo que semeou, aquilo que Pedro acreditou, o modo como ele viveu o Evangelho, nessa dedicação e serviço total, de encarnação plena, possa ser um dos sinais, possa ser a marca registrada e continue definindo nossa Igreja de São Félix do Araguaia, nossa Prelazia”.

Mas o exemplo de Pedro tem que se fazer presente na vida do povo, “tem que ser a marca de vida que nós devemos levar, tem que ser essa força de transformação, tem que ser essa força que vai fazer brotar frutos de justiça, frutos de vida, frutos de amor”, insistia Dom Adriano, que via como caminho para que a vida de Pedro possa marcar nossa vida, retomar, meditar seus versos, fazer que eles se tornem parte concreta de nossa existência. O desafio é que “essa luz possa continuar iluminando para que o sonho do grande banquete da vida seja visibilizado, apesar de todos os entraves que nós conhecemos e que estamos vivendo neste tempo”, afirmava o bispo, que agradecia Dom Pedro pelo seu exemplo, sua fidelidade a Cristo.

Aquele que nunca mais voltou na Catalunha que o viu nascer, nunca esqueceu o que suas origens representavam em sua vida. Aquele Pere que sendo criança corria nas ruas de Balsareny quis que essa terra que pisou se misture com a terra do Araguaia para sempre, algo que foi realizado quando foi colocada a terra de Balsareny no seu caixão junto com um pedra do Mosteiro de Montserrat, referência de fé na vida de todo catalão.

A despedida de Pedro foi momento de homenagens, de celebração esperançada. Foram muitos, gente conhecida, mas também o povo anônimo, que quis fazer sua homenagem. Sirvam de exemplo as palavras que desde Manaus enviava o sucessor de Dom Pedro como bispo de São FélixDom Leonardo Ulrich Steiner, que definiu seu predecessor como um místico, “enraizado na terra, na humanidade e em Deus”, alguém livre, ousado, inspirado, de vida simples e despojada, que percorreu as veredas do Evangelho dos pobres, uma prova daquilo que o primeiro bispo de São Félix transmitia com sua vida. Por tudo isso, o arcebispo de Manaus mostrava sua gratidão profunda a Deus e a Pedro, por tudo o que viveu no Vale dos Esquecidos, mas sobretudo pelos pequenos detalhes da convivência.


 

Foto: Luis Miguel Modino

 

Adolfo Pérez Esquivel, que sempre viu Pedro como um sinal de justiça e de paz, também enviava sua mensagem ao amigo. Foram homenagens e palavras de agradecimento que foram repartidas pelos presentes, pelos bispos, pelo povo, também pelos indígenas do povo xavante, que o homenageavam com reverência e admiração, reconhecendo a importância que as lutas de Pedro, um valente guerreiro, tiveram para que hoje, mesmo diante das dificuldades e perseguições, eles continuem vivos, sem perder a esperança.

Pedro está ressuscitado, contemplando o Araguaia desde sua beira, lá onde ele sentava para rezar, para contemplar a obra do Deus Criador, para inspirar sua mente que se traduzia em poesia, em Evangelho encarnado na vida de um povo e uma terra que nunca irão esquecer seu profeta, seu poeta.

domingo, 9 de agosto de 2020

Dia Internacional dos Povos Indígenas

 

Credito da foto: Graça Graúna


DECLARAÇAO SOLENE DOS POVOS INDÍGENAS DO MUNDO 

 

Nós, povos indígenas do mundo, unidos

numa grande assembleia de homens sábios,

declaramos a todas as nações:

Quando a terra-mãe era o nosso alimento,

quando a noite escura formava o nosso teto,

quando o céu e a lua eram nossos pais,

quando todos éramos irmãos e irmãs,

quando nossos caciques e anciãos

eram grandes líderes,

quando a justiça dirigia a lei e sua execução,

aí outras civilizações chegaram!

Com fome de sangue, de ouro,

de terra e de todas as suas riquezas,

trazendo numa mão a cruz

e na outra a espada.

Sem conhecer ou querer aprender

os costumes de nossos povos,

nos classificaram abaixo dos animais.

Roubaram nossas terras e nos levaram

para longe delas, transformando em escravos

os “Filhos do Sol”.

Entretanto, não puderam nos eliminar,

nem nos fazer esquecer o que somos,

porque somos a cultura da terra e do céu

porque somos de uma ascendência milenar

E somos milhões.

E mesmo que nosso universo seja destruído,

NÓS VIVEREMOS,

por mais tempo que o império da morte!

 

(Conselho Mundial dos Povos Indígenas, Port Alberni, 1975)

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Em memória de Aritana


                                                      Aritana Yawalapiti — Foto: Antônio Carlos Banavita


"Quando morre um cacique, a comunidade perde um líder. Quando morre um mestre e um ancião, é um livro cheio de informações que se fecha para sempre". 

Patxon Metuktire (neto do Cacique Raoni Metuktire)


Nota: 

Aritana Yawalapiti, de 71 anos,

morreu vítima da Covid-19,  em Goiânia, no dia 05/08/2020

sábado, 1 de agosto de 2020

Dia de Pachamama Mama (Mãe Terra)


Imagem: http://sagrado-feminino.blogspot.com



Fonte do texto: https://www.lanacion.com.ar

 

 

Como cada 1 de agosto, hoy se celebra el Día de la Pachamama o Madre Tierra, la celebración más importante dentro de los pueblos originarios de América Latina. La "pacha" representa una deidad femenina que produce, engendra y también se encarga de propiciar la fertilidad en los campos.

En esta celebración, que se extiende a todo el mes de agosto, se realizan una serie de ofrendas y rituales para festejar la naturaleza protectora y fecunda de la tierra, que varían según la región.

Para completar la ceremonia, que siempre está a cargo de las personas mayores de las comunidades, los presentes se toman de la mano para expresar el espíritu de hermandad que reina, y danzan alrededor del hoyo ya tapado, al son de la caja, flauta y la copla.

Diferentes pueblos como los quechuas, aimaras, mapuches y otros en Argentina, Bolivia, Chile, Colombia, Ecuador y principalmente en Perú han realizado y realizan rituales vinculados a esta deidad.

Otra de las tradiciones es tomar caña con ruda. Los mayores juran que la caña con ruda prolonga la vida, espantan la mala suerte, promueven alegrías y despojan a la gente de los malos augurios. Es una mezcla de caña blanca paraguaya o ginebra con hojas de ruda, una hierba calificada como medicinal por sus excelentes efectos en el aparato digestivo y también en el circulatorio.