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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Poesia indígena hoje: resiliência

 

Crédito: p-o-e-s-i-a.org

A Revista p-o-e-s-i-a (n. 1, agosto de 2020), com o tema “Poesia indígena hoje”, conta com a participação voluntária de poetas dos povos originários no Brasil. No editorial, Beatriz Azevedo ressalta que por se tratar de uma primeira edição, a Revista traz um olhar amplo sobre a poesia escrita por autoras e autores indígenas contemporâneos, que escrevem em português e expressam acerca da “sua cultura e o choque com a sociedade brasileira”.

 

Na apresentação da Revista, Julie Dorrico (makuxi) comenta, entre outros aspectos, que a literatura “na voz e letra dos sujeitos e povos indígenas, emerge do rio, irrompe da floresta para se fazer livro, livre [...] para, enfim, ser o que sempre foi, autoral”. A poeta homenageada é a potiguara Eliane. Sobre a literatura indígena, ela enfatiza que: “do estágio oral ela [a literatura] saltita pelas letras escritas na estratégia da vivificação das histórias de vida dos ancestrais, clama por sobrevivência e justiça dos direitos autorais” (P-O-E-S-I-A, n.1, 2020, p. 26).

 

O conjunto de ensaios intitulado “Sementes” conta com a participação de Daniel Munduruku, Fernanda Vieira (xocó/SE), Geni Ñunez (guarani), Jaider Esbell (makuxi), Kaka Werá (Tapuia) e Maria Elis Nunc-Nfôonro (xokleng). Entre os ensaios, tomo a liberdade de sublinhar o pensamento de Fernanda Vieira (P-O-E-S-I-A, n.1, 2020, p. 67), ao expor corajosamente o sentimento que muitos/as indígenas ao viver na cidade, também sentem:

 

A literatura me salvou do abismo silencioso da minha identidade interrompida, das muitas dificuldades de uma infância suburbana, da raiva que fervilha no meu sujeito subalternizado imerso na colonialidade, salvou da minha impossibilidade de dividir minhas angústias com os que me cercavam. Muitas rupturas na minha identidade – em permanente re(des)construção – foram preenchidas pela literatura.

 

O grupo de poetas/poemas recebe o nome de “Cardumes poéticos” e conta com a participação de: Ailton Krenak, Aline Pachamama (puri), Auritha Tabajara, Ãtekáy (pataxó), Eliane Potiguara, Edson Krenak, Graça Graúna (potiguara/RN), Gustavo Caboco (wapichana), Ian Wapichana, Itayná Ranny Tuxá, Jamile Nunes (parintintim), Juliana Kerexu (guarani), Julie Dorrico (makuxi), Marcia Mura, Marcia Kambeba, Olivio Jecupé (guarani), Renata Machado (Tupinambá), Tiago Hakiy (mawé), Yaguaré Yamã (sateré-mawé) e Zélia Balbina (puri).

A minha intuição diz que o fazer parte de um cardume poético implica um estágio de resiliência, pois não está fácil e nunca foi fácil atravessar os tempos sombrios. Mas a poesia vence o tempo, ainda que os fantasmas não nos deixem dormir, como sugere o ser poeta-xamã em “Suspiro de Gaia”, de Ailton Krenak (P-O-E-S-I-A, n.1, 2020, p. 83):

 

Está difícil dormir com tanto fantasma

ao redor

Corpos abandonados em pavilhões

Espíritos de luz projetam raios paralisantes.

A Terra balança levemente os cabelos

devolve no cosmos fagulhas de estrelas

 

 

Ameríndia, 5 de setembro de 2020

Graça Graúna

(mulher indígena potiguara/RN)

 

 

Para saber mais:

 

P-O-E-S-I-A é um projeto colaborativo de poetas, leitores, professores e apoiadores da cultura para o fortalecimento da poesia brasileira. 

Através de um financiamento coletivo, o projeto já está realizando algumas ações, como a concessão de bolsas para poetas em situação de vulnerabilidade e a criação do portal da poesia brasileira que abriga a revista P-O-E-S-I-A.

A viabilidade e manutenção dessas e outras ações depende diretamente do valor arrecadado.  

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